segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Igreja

Igreja é um lugar onde o Pai se sente em casa,
Onde é adorado pelo que é e não pelo que pode,
Onde é obedecido de coração e não por constrangimento,
Onde o seu reino é manifesto no amor, na solidariedade, na fraternidade e serviço ao outro,
Onde o ser humano se perceba em casa e seja a casa de Deus e do outro,
Onde Jesus Cristo é o modelo, o desejo e o caminho,
Onde a graça é o ambiente, o perdão a base do relacionamento e o amor a sua cimentação.
Onde o Espírito Santo está alegre pela liberdade que desfruta para gerar e expressar a Cristo,
Onde Ele vê os seus dons serem usados para edificar, provocar alegria e servir ao próximo,
Onde todos andam abraçados,
Onde a dor de um é a dor de todos,
Onde ninguém está só,
Onde todos têm acesso ao perdão, à cura de suas emoções, à amizade e a ser cada vez mais
parecido com Cristo,
Onde os pastores são apenas ovelhas-exemplo e não dominadores dos que lhes foram confiados,
Onde os pastores são vistos como ovelhas-líder e não como funcionários a serem explorados.
Onde não há gente nadando na riqueza enquanto outros chafurdam na miséria,
Onde há equilíbrio, de modo que quem colheu demais não esteja acumulando e quem colheu de menos não esteja passando necessidades.
Enfim, a comunidade do reino de Deus,
Onde aparece a humanidade que a Trindade sonhou,
Onde a cidade encontra paradigmas.
Onde o livro texto é a Bíblia.

Autor, ARIOVALDO RAMOS.

A ressurreição e as minhas dúvidas

Pode haver diversas formas para descrever a fé cristã. Mas há só um evento que a sela como única: a ressurreição de Jesus. Gary Habermas, William Craig, Josh McDowell e outros expuseram de forma convincente a evidência desse que é, talvez, o mais perturbador evento da história. Estudos histórico-críticos progressivamente nos livraram de pressupostos insidiosos, que em grande parte determinavam de antemão os resultados da investigação da ressurreição, e reverteram o ceticismo a respeito da ressurreição histórica, de forma que a tendência entre os estudiosos mais recentemente tem sido a aceitação da credibilidade histórica da ressurreição de Jesus. Não recapitularei a evidência; minha reflexão aqui é motivada por outras questões que considero importantes. Como os discípulos de Jesus assimilaram o acontecido? Como o Mestre lidou com a reação deles? O que as respostas às duas perguntas anteriores significam para nós?
Quando as mulheres chegaram à tumba, a ressurreição já acontecera. Ficaram perplexas. A tumba vazia era uma realidade inusitada que demandava explicação, e elas temiam que o corpo de Jesus tivesse sido furtado.
Na época de Jesus não havia quem esperasse uma ressurreição no fluxo corrente da história. Por isso não era concebível ver Jesus vivo após sua crucificação. Isto torna compreensível que ele não tenha sido reconhecido de imediato na maioria dos encontros pós-ressurreição narrados nos evangelhos. Maria Madalena confunde Jesus com o jardineiro e percebe o equívoco quando ele pronuncia seu nome. Os dois discípulos de Emaús só reconheceram-no após sentarem-se à mesa com ele. Quando Jesus aparece aos discípulos reunidos em Jerusalém, eles inicialmente acreditam ver um fantasma. Dias depois, à margem do mar de Tiberíades, alguns deles frustrados com uma pescaria mal sucedida novamente demoram a reconhecê-lo. Jesus acabava sendo reconhecido – seu corpo tinha as marcas da crucificação –, mas não necessariamente à primeira vista.
Mateus termina seu evangelho descrevendo um encontro em que o Cristo ressurreto assegura sua autoridade e promete que estará conosco até o fim dos tempos. É uma cena de triunfo. Mas Mateus não omite que alguns duvidaram. Não haviam – ainda – conseguido vencer a perplexidade. Jesus não se preocupou em homogeneizar o grau de entendimento dos discípulos, nem em fazer com que todos estivessem com as dúvidas sanadas. Deu a todos seu último mandamento, a Grande Comissão, uma ordem que pressupõe uma capacidade de superação inumana, como detalha o livro de Atos.
Surtiu efeito. Isto fica claro na convicção com que o líder dos apóstolos, Pedro, escreveria anos mais tarde: “Não foi seguindo fábulas sutis, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade, que vos demos a conhecer o poder e a Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. A história não deixa dúvidas de que a ressurreição de Jesus e o que se seguiu a ela deu àqueles primeiros cristãos convicções tão intensas, que esta fé permanece a base da igreja dois mil anos depois. Foi o inexplicável, porém real, evento histórico do dia de Páscoa que desvendou quem Jesus realmente é, e forneceu o alicerce da nossa fé e do nosso conhecimento teológico.
A perplexidade inicial e as dúvidas dos discípulos são naturais. Faz parte dos homens o anseio por explicações que se encaixam nas suas visões pré-fabricadas do mundo. No caso da ressurreição de Jesus – como no caso de qualquer milagre – um limite fundamental da mente é atingido: falham as explicações reducionistas. A situação é superada somente pela razão que crê, pois ela ao fazê-lo se sintoniza com a realidade observada. Foi esta a opção dos discípulos; o desejo de explicação deu lugar à obediência e ao que a Bíblia chama adoração. O grande matemático Leonhard Euler (1707-1783) escreveu que “somos convencidos dos efeitos salutares da missão de nosso Salvador pela experiência”. Da experiência foi surgindo a convicção inabalável dos discípulos.
É do teólogo Samuel Rothenberg (1910-1997) a frase “um cristão sincero é composto de muitas perguntas”. Por toda vida seguimos tendo dúvidas e desejando explicações. Assim como aconteceu com os primeiros discípulos, para algumas de nossas perguntas haverá respostas que satisfarão nosso anseio por explicações, para outras não. Nestes casos faremos como eles: seguiremos a Jesus andando “por fé [em Deus/Jesus], e não por vista [no que não compreendemos]”. (2 Co 5.7) E conheceremos os efeitos salutares da sua missão pela experiência.


Escrito por, KARL HEINZ KIETNITZ.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sobre crianças e eternidade

Vi um grupo de crianças brincando. Um monte de concreto era um barco, pedras eram torpedos e diziam estar cercadas de tubarões. (Foi impressão minha, ou eu mesma era considerada um desses tubarões, pelo jeito que uma das crianças apontou ameaçadoramente pra mim?). Eu estava ali bem perto, encarregada de cuidar do filho de amigos meus, que brincava naquele grupo de pessoinhas. De repente, já tinham asas, estavam no espaço e todos ao redor eram alienígenas. E a brincadeira prosseguia.
Fiquei pensando: criança pode ser o que quiser. Ela nem sabe o tamanho da vida, nem imagina que está só começando. Só tem a firme e inocente convicção da eternidade, bem como a certeza de que as possibilidades são tantas que a vida se torna uma deliciosa aventura. Morte? O que é morte? Quem lhe explicaria este evento? Nem se quisessem… Em seu coração tudo dura para sempre.
Pensei ainda: Deus quer que tenhamos o coração como o de criança. “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo.” (Mateus 18:3-5).
Ser como criança engloba vários aspectos. Naquele dia, o que mais falou comigo foi essa sensação boa que só Deus pode dar de que o mundo pode ser o que quisermos – basta um olhar diferente, uma atitude diferente. Basta entendermos que a eternidade é real e que o Pai quer que tenhamos esta visão de que realmente podemos ser o que desejarmos, desde que isso sirva para engrandecer o Seu nome.
Que bobos somos nós quando pensamos que mais ensinamos do que aprendemos com as crianças. Elas são verdadeiros mestres das verdades de Deus.

Autora, FABIANA MELO.
Extraído do blog: http://fabipordentro.blogspot.com/

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Acolha as crianças como Jesus as acolheu

“Alguns traziam crianças a Jesus para que ele tocasse nelas, mas os discípulos os repreendiam. Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse: ‘deixe vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes a verdade: quem não receber o reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele. ’ Em seguida tomou as crianças nos braços, impôs-lhes as mãos e as abençoou. (Mc 10:13-16)
Jesus ensinava o que fazia e fazia o que ensinava.
Por sua prática de acolhimento, ele estava ensinando um novo jeito de se lidar com as crianças. Os pequeninos nunca representaram barreira para a missão. Quando trouxeram as crianças, os discípulos reagiram negativamente.
Para eles, aquela não era a ocasião propicia para se trazer crianças. Parece normal que as crianças sejam acolhidas, se abrirmos um parêntese em nossas programações, se há um dia marcado ou uma sala especial. Mas se as crianças aparecem nas ocasiões não previstas, nós as rejeitamos do mesmo modo como os discípulos de Jesus fizeram. A indignação de Jesus é decorrente da sua percepção em relação à indiferença e repudio que os discípulos manifestaram em relação às crianças. Pela primeira vez se usa a expressão “indignação” para se referir a um sentimento de Jesus Cristo.
Ele ficou indignado. Os discípulos não deveriam criar embaraço para que as crianças se aproximassem de Jesus. A presença de criança é sempre bem-vinda e prazerosa. Se você não se sente bem com a presença de uma criança há alguma coisa de errado na sua interioridade. Ou, se alguma coisa atividade não é propícia às crianças, provavelmente essa atividade não possui a natureza do reino de Deus.
Precisamos descobrir formas criativas de aproximação coletiva e publica com as nossas crianças. As crianças precisam de espaço social acolhedor que propicie proteção e vida abundante. O lar, os templos, escolas e praças de lazer e esporte são necessárias a qualquer criança em qualquer lugar do mundo. Embaraçar o acesso da criança a esses bens da vida causa indignação a quem tem o mínimo de senso de justiça e noção sobre direito. A nossa atitude em relação as crianças acontece numa pedagogia de duas mãos – enquanto as abençoamos, aprendemos com elas a respeito da simplicidade do reino de Deus. É o reino das pessoas que não possuem poder da compra, não estão nos escalões de poder social, não são reconhecidas por critérios de produção e em sua fragilidade humana dependem muito mais de Deus. As crianças, alem de priorizadas por Jesus Cristo, representam os critérios de cidadania das pessoas comprometidas co o reino de Deus e o evangelho de Jesus cristo, animo a todas as pessoas a buscarem criativamente caminhos inteligentes que possam tornar as nossas crianças agentes e motivo de nossa vocação e missão."

Autor, Pr. Carlos Queiroz.